quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Jean Wyllys critica declarações homofóbicas do Papa

Jean: ameaça é o fascismo


As recentes declarações homofóbicas homofóbicas do Papa, Bento XVI, revoltaram o deputado federal assumidamente homossexual Jean Wyllys (PSOL-RJ). Para o parlamentar, Bento XVI foi no mínimo infeliz ao afirmar que o casamento entre pessoas do mesmo sexo seja uma ameaça ao futuro da humanidade e à família.

“O papa suspeito e acusado de ser simpático ao nazismo disse que o casamento civil igualitário é uma ameaça à humanidade. Ameaça ao futuro da humanidade são o fascismo, as guerras religiosas, a pedofilia e os abusos sexuais praticados por membros da Igreja e acobertados por ele mesmo”, protestou Jean com relação às palavras do chefe da Igreja Católica.

“Espero que os estados laicos do Ocidente não cedam à pressão desse genocida em potencial”, completou o deputado. Bento XVI disse que “o lugar de honra cabe à família, baseada no casamento de um homem com uma mulher” e que o casamento entre pessoas do mesmo sexo coloca em xeque “o próprio futuro da humanidade”
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Qual a diferença entre Bento 16 e Silas Malafaia?

 
Em uma declaração feita para diplomatas, o papa Bento 16 condenou a união de pessoas do mesmo sexo, afirmando que ela põe a humanidade em risco. Disse que a educação das crianças precisa de ambientes adequados e que o lugar de honra cabe à família, baseada no casamento de um homem com uma mulher. Também afirmou que “essa não é uma simples convenção social e sim a célula fundamental de cada sociedade”. E deu um recado aos governantes liberais: “políticas que afetam a família ameaçam a dignidade humana e o próprio futuro da humanidade”.
Líderes religiosos têm o direito de expressarem as posições de sua crença para os seus fiéis. Mesmo que ele tivesse feito algo totalmente nonsense – como condenar uma pessoa de seu rebanho por dar fim à própria vida devido a um estágio terminal e insuportavelmente doloroso de uma doença (coisa que um humanista nunca faria…) – ele teria o direito a isso. Pois foi eleito para guiar espiritualmente um grupo, independentemente do que esse grupo acredite.
Agora, o problema é quando um líder atua para que outras pessoas, que não o elegeram nem para síndico de prédio, deixem de viver, morrer ou amar como bem quiserem. Não vou ser ingênuo de ignorar que esse tem sido o roteiro da raça humana, uma sequência de imposições de vontades e de crenças, do mais forte ao mais fraco, ao longo da história. Cristãos já foram mortos pelo que acreditavam. Depois, passaram a matar em nome de sua fé.
Qual a diferença entre Bento 16 e Silas Malafaia? Com todo o respeito e sem medo de ser linchado, eu diria que, nesses casos, nenhuma. O polêmico líder da Igreja Vitória em Cristo é conhecido por declarações contundentes na defesa de uma visão conservadora e seus discursos, não raras vezes, confundem liberdade religiosa e de expressão com uma guerra contra a diversidade. Somos mais coniventes com o ex-cardeal Ratzinger por conta do tamanho da Igreja Católica e sua influência na formação da nossa sociedade ocidental, mas o conteúdo contra direitos dos homossexuais está presente nas falas de ambos. 
De tempos em tempos, homossexuais são vítimas de preconceito nas ruas só porque ousaram andar de mãos dadas. Enquanto isso, seguidores de uma pretensa verdade divina taxam o comportamento alheio de pecado e condenam os diferentes a uma vida de inferno aqui na Terra.
Como já disse aqui, líderes religiosos dizem que não incitam a violência. Mas não são suas mãos que seguram a faca, o revólver ou a lâmpada fluorescente, mas é a sobreposicão de seus argumentos ao longo do tempo que distorce a visão de mundo dos fiéis e torna o ato de esfaquear, atirar e atacar banais. Ou, melhor dizendo, “necessários”, quase um pedido do céu. São ações como a de Bento 16 e de Silas Malafaia que alimentam lentamente a intolerância, que depois será consumida pelos malucos que fazem o serviço sujo.
Afinal de contas, fundamentalismo não é monopólio de determinada religião.
Blog do Sakamoto