terça-feira, 5 de abril de 2011

Especial "Amor e Revolução": a história da ditadura militar no Brasil

Com o objetivo de retratar de forma inédita a ditadura militar, um dos períodos mais marcantes da história brasileira, "Amor e Revolução" estreia no SBT na noite desta terça-feira (5) logo após o "Programa do Ratinho".

Escrita por Tiago Santiago e dirigida por Reynaldo Boury, o novo folhetim da emissora paulista promete inovar e ao mesmo tempo entregar ao telespectador a receita tradicional que um bom texto deve ter.

A ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964, marcará o início da trama, a qual se estenderá até a Guerrilha do Araguaia, movimento guerrilheiro existente na região do Araguaia que se estendeu até 1974. Ao longo desses dez anos, além da retratação da vida dos comunistas, militares e dos ônus sofridos por ambos lados, "Amor e Revolução" também contará com romance, ação, comédia defendidos por um grande elenco.


A apresentação de "Amor e Revolução" foi feita pelo SBT no dia 23 de março no Centro Universitário Maria Antônia, da USP, localizado nas proximidades da Rua da Consolação e do bairro de Higienópolis em São Paulo. O endereço tem grande valor cultural pelo fato de ter sido cenário de uma famosa briga entre os estudantes da USP e do Mackenzie. Os prédios das instituições eram separados apenas por uma rua. Em 1968, a esquerda encontrava espaço na USP, enquanto a direita, dos grupos paramilitares, ia ao encontro dos alunos do Mackenzie. A diferença ideológica entre os dois grupos de alunos ocasionou em uma batalha que resultou na morte de um jovem no dia 3 de outubro de 1968.

História

"Amor e Revolução" é protagonizada por Graziela Schmitt e Cláudio Lins, intérpretes dos papeis de Maria Paixão e José Guerra. Ela será uma guerrilheira líder de movimento estudantil e ele viverá um militar, embora defenda os ideais da democracia. De uma família de militares radicais, José se apaixona por Maria e ambos terão que lutar contra amigos, antigas paixões e principalmente com seus familiares para viverem o amor que sentem de forma recíproca.

O romance de José e Maria, como em toda novela, terá muitas idas e vindas. José terá Mário Luz (Gustavo Haddad) como grande rival. Ele, que é jornalista e autor de teatro, é apaixonado por Maria desde os tempos da adolescência e não admitirá que um militar conquiste a amada. Ao mesmo tempo, Mário viverá uma relação conflituosa com Stela (Joana Limaverde), que o ama e também gosta de João (Paulo Leal).


Paralelo à história de Maria e José, Batistelli (Licurgo Spínola) e Jandira (Lúcia Veríssimo), coprotagonizam a novela. Eles serão perseguidos pela repressão, liderada pelo delegado Aranha (Jayme Periard), Major Flinto (Nico Puig) e General Lobo Guerra (Reinaldo Gonzaga), sendo os dois últimos irmão e pai de José.

Uma parte de "Amor e Revolução" se passa em um teatro, no qual Mário Luz, Chico Duarte (Carlos Thiré), Stela, Nina (Patrícia Dejesus), Miriam (Thais Pacholek) e Beto (Cacá Rosset) trabalham. Embora unidos pela arte e pelos palcos, há desencontros de opiniões devido à ideologias distintas.

Chico, por exemplo, é diretor de teatro e critica de forma veemente a ditadura e a opressão. Ao ser preso, encontra uma forma de fugir. Pacifista, o rapaz nutre uma paixão antiga por Miriam, porém no decorrer dos capítulos se revela bissexual, tendo uma paixão por João e aceita seduzir Fritz (Ernando Tiago) para escapar da tortura. Já Nina é uma bela atriz que se envolve diretamente com o movimento guerrilheiro e que critica os colegas que não o fazem. Participante de assaltos, ela passa a ser alvo dos militares e é perseguida.
 

Já no DOPS, o Departamento de Ordem Política e Social, encontram-se Aranha, Fritz e Jeová (Lui Mendes). Aranha tem uma índole questionável, é corrupto e faz parte do Comando de Caça aos Comunistas e do Esquadrão da Morte. Apesar de toda a maldade que guarda contra os comunistas e estudantes, ele se apaixona por Marta (Dani Moreno) e a agride constantemente.

Os maiores desafetos de Aranha são Marina (Giselle Tigre), uma jornalista que denuncia a sua postura como defensor da lei, e Marcela (Luciana Vendramini), advogada que constantemente investiga os trabalhos de sua delegacia. Já Friz não se difere muito do delegado, tendo a mesma índole, porém com um segredo guardado: ele é homossexual e acaba se apaixonando por Chico. Por fim, Jeová se sobressai e como carcereiro, adota uma postura ética e humana com o auxílio aos presos políticos.

Bastidores

Como diretor geral, Reynaldo Boury promete uma novela que contará a história do Brasil de forma inédita e que irá despertar no telespectador a vontade de acompanhar um tema que nunca havia sido diretamente discutido pela teledramaturgia.

Tiago Santiago, que assina o folhetim, por sua vez, promete quebrar certos dogmas que a história brasileira conta. O autor quer mostrar que houve estudantes que foram para a luta armada e que houve militares que foram contra o golpe. A ideia é mostrar que nem todos os estudantes tinham o ideal democrata e pacifista, assim como nem todos os militares defendiam a tortura, mortes e perseguições: "Eu sei que existe uma preocupação das pessoas da direita em relação à novela. (…) Nós já convidamos muita gente pra falar, pra dar depoimento. Nenhum deles aceitou. Mas ainda estamos tentando conseguir depoimentos", afirmou o autor


Workshop

O SBT realizou no início de janeiro um workshop sobre a ditadura militar para o elenco da novela “Amor e Revolução”.
 

 

Participaram do evento militantes e presos políticos da época, como Hélio Bicudo, Luiz Carlos Prestes Filho, Rose Nogueira, Maria Amélia Almeida Teles, Antônio Carlos Fon, Dilea Frate, Virgílio Egydio, Alípio Freire e Ricardo Zaratini. Além do workshop, os participantes também gravaram depoimentos que serão veiculados ao final de cada capítulo. O workshop foi realizado no estúdio 7 do complexo Anhanguera.

Treinamento militar

Poucos dias após o workshop, a emissora deu aulas sobre como manejar armas e atirar com Sérgio Farjalla Jr., preparador do elenco do filme "Tropa de Elite".

Para as cenas de ação, os atores receberam instruções sobre artes marciais, aulas de expressão corporal e coreografia de luta para a composição de cenas e caracterização de personagens.

Produção

Totalmente gravada em alta definição, "Amor e Revolução" é resultado de um investimento de aproximadamente R$ 250 mil por capítulo, sendo assim uma das produções mais caras da história do SBT. Ambientada em São Paulo e no Rio de Janeiro, a produção, liderada por Reynaldo Boury, utiliza inúmeras locações em SP como pano de fundo da história.

O folhetim conta com o suporte de uma cidade cenográfica, localizada no SBT, um sítio em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, uma fazenda em Itu, interior paulista, e outros prédios na própria capital São Paulo. Embora a equipe tenha dificuldade para driblar detalhes como carros, postes de iluminação e fachadas modernas, o trabalho está sendo feito sem maiores atrasos, diferente do que ocorreu com "Uma Rosa com Amor", cuja produção foi fortemente afetada pelas chuvas que destruíram parte de sua cidade cenografia.

Tortura
Um dos temas que terá bastante destaque em "Amor e Revolução" será a tortura que pessoas sofreram durante a ditadura militar.
No início de fevereiro, várias dessas cenas vazaram no Youtube, o que chamou muita atenção dos internautas. Na ocasião, a emissora alegou que um dos computadores de edição da novela foi invadido e imagens foram roubadas. Porém, essa história não foi levada adiante.


Tiago Santiago e o diretor Reynaldo Boury
Anote na agenda

"Amor e Revolução" estreia nesta terça (5), a partir das 22h15, no SBT.

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